domingo, 16 de agosto de 2015

O machismo na tela: A publicidade brasileira não me representa !

Preconceito, perseguição ou mimimi ???
Historicamente, os decotes, shortinhos ou biquinis ou nudez feminina, são as principais estratégias utilizadas pelas campanhas publicitárias, especialmente as de venda de bebida alcoólica.  Já percebeu ? Ou é exagero meu? Perseguição feminista? Parece que na publicidade, o machismo está sempre na pauta, podemos dizer que é serventia da casa!

De acordo com os registros do Conar - Conselho Nacional Autorregulamentação Publicitária, órgão que tem a função de regulamentar o mercado e as campanhas publicitárias, das 18 denúncias de machismo em propaganda recebidas em 2014 (pesquisadas pela Pública no site do Conselho), 17 foram arquivadas, e apenas uma, da cerveja Conti. Esta dizia em sua página do Facebook “tenho medo de ir no bar pedir uma rodada e o garçom trazer minha ex”. A campanha terminou com um pedido de suspensão e a advertência da agência idealizadora.

É assim mesmo! Em muitos destes comerciais, você já deve ter notado que a mulher é boa como a cerveja, fica molhadinha que nem a garrafa suada, e precisa servir cerveja se curvando enquanto empina o traseiro para os homens.

Pergunto onde estão as mulheres publicitárias e quais são seus papéis nas agências? Será que há mulheres na criação? Onde estão os/as homossexuais? Alguma mulher feliz e satisfeita com estas imagens? Lembramos que nós mulheres somos as principais decisoras do consumo seja da família, seja individual.

Nos últimos meses a campanha que vem incomodando diversas organizações e representações do Movimento de Mulheres no Brasil é a da cerveja Itaipava. Na campanha “Verão” em que a mulher é impedida de passar por um homem na praia, ela tentando correr e ele barrando sua passagem com o slogan “não deixe o Verão passar” ou em uma que ela leva e traz cervejas para os homens só de biquíni enquanto eles olham para seu corpo e chamam “vem Verão, vai Verão” ou ainda uma terceira em que a moça aparece de biquíni com uma lata e uma garrafa de cerveja na mão com o slogan “faça sua escolha” com a indicação de 300, 350 ou 600 ml – estes em uma alusão ao silicone do seio da modelo.

A agência criadora da campanha convidada a dialogar ou discutir sobre seu trabalho, preferiu se pronunciar apenas  por nota através de sua assessoria de imprensa.
“A Y&R, agência que criou a campanha, respeita, bem como seu cliente, todas pessoas e em especial as mulheres. Em momento nenhum faz qualquer tipo de alusão para desmerecer ou agredir quem quer que seja e considera que o humor utilizado não tem tom de agressividade ou qualquer juízo de valor”.
"Ah, tá !"

E agora os homens levantaram a voz contra a publicidade da Bombril. Grupos de homens se unem pela interrupção de exibição da peça publicitária do Bombril. Quem viu?
Os machos que acionaram o CONAR, se dizem vítimas de discriminação de gênero e acusam o comercial de "deboche da figura masculina". De acordo com o Conar, há cerca de 15 registros de homens que reclamam da campanha e a consideram uma “ofensa à figura masculina”.


Nela, mulheres famosas: Ivete Sangalo, Monica Iozzi e Dani Calabresa exaltam o papel da mulher, que reconheçamos, dão contam de múltiplas funções no dia-a-dia brilhantemente. Toda mulher é DIVA, e todo homem segundo as famosas, é "DIVAGAR"... insinuando, portanto que o sexo masculino não teria a mesmo habilidade feminina para as tarefas domésticas, nem com a ajuda dos produtos da marca.


Esta não é a primeira vez que a marca "causa" entre os homens brasileiros. Em 2011, outra campanha da Bombril, "Mulheres Evoluídas" recebeu cerca de 300 reclamações no CONAR, a maioria de homens, que alegavam que os comerciais discriminavam o gênero. Desta vez, parece que os homens não sentiram-se representados.
Neste caso, o processo foi julgado e decidiu-se unanimemente pela manutenção da campanha no ar.
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Pela quantidade de reclamações recebidas pelo Conar, no entanto - e como elas continuaram após o primeiro julgamento -, o órgão voltou a examinar o caso, mas ainda assim manteve a decisão.
De acordo com o julgamento do Conar, os comerciais são bem-humorados  e usam recursos próprios da publicidade, como o exagero, sem demonstrar riscos aos consumidores. Nesta campanha os produtos Bombril eram mais evoluídos e úteis que os homens. Nesta campanha mais uma vez era estrelada por Dani Calabresa, Monica Iozzi e desta vez Mariza Orth.


Particularmente gostei da manifestação dos homens contra o que eles consideram ofensivo. Bem como são legítimas as manifestações de grupos feministas contra peças que usam a figura feminina de forma preconceituosa, deturpada.
Pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão comprova a publicidade brasileira não nos representa !


O estudo, que ouviu 1.501 homens e mulheres maiores de 18 anos, em 100 municípios de todas as regiões do país, mostrou que 56% dos brasileiros e brasileiras não acreditam que as propagandas de TV mostram a mulher da vida real. Para 65%, o padrão de beleza nas propagandas é muito distante da realidade da nossa população, e 60% consideram que as mulheres ficam frustradas quando não conseguem ter o corpo e a beleza das mulheres mostradas nos comerciais.
 
A pesquisa mostrou ainda que 84% da população acham que o corpo da mulher é usado para promover a venda de produtos.
Para 58% dos entrevistados, as propagandas de TV mostram a mulher como um objeto sexual, reduzida a bunda e peito. Um dos dados mais interessantes do estudo, no entanto, é o que aponta que 70% da população defendem algum tipo de punição para os responsáveis por propagandas que mostram a mulher de forma ofensiva. E aí, Conar ?? E aí, homens? E aí, agências ???

Então aí está ! A nossa luta, nosso desejo é por direitos iguais, por representação. Registrei neste post a minha opinião.  Homens e mulheres deixem aqui nos comentários as suas. Observe por alguns dias a TV, rádio, os jornais e responda: a publicidade brasileira te representa?

4 comentários:

  1. Belo texto!!! Parabéns. #direitosiguais

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  2. Parabéns pelo excelente texto aqui apresentado!! Infelizmente as mulheres estão sendo vistas como objetos sexuais, por uma sociedade machista, em pleno século XXI. Precisamos dizer não para qualquer ato que diminua nossas mulheres.

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  3. Bom demais esse tema. Polêmico para alguns, mas, extremamente importante. Pra muita dessas coisas mudar, é preciso democratizar os meios de comunicação. a representação da mulher hoje nos meios de comunicação é extremamente estreito, sem diversidade ou pluralidade. Tem um estereótipo preferido por esses setores, para que alcancem resultados positivos na venda de seus produtos. Esses"esterótipos" não representam a mulher brasileira. É limitar,e em muitos casos, muito pejorativamente a condição feminina. E o pior, eles estabelecem um padrão de beleza inatingível, só para atender os interesses comerciais. Dane-se o resto. Quando dizemos que temos uma sociedade verticalmente machista, os meios de comunicações são a expressão mais contundente disso. Viu? Quando mexeu com os homens, eles logo se manifestaram e foram ouvidos. Resta à toda a sociedade, especialmente às mulheres que protagonizam tais experiências, também se conscientizarem desse "problema", se juntarem aos diversos grupos organizados que se opõem à esse processo que depreda a vida das mulheres e "mudar a relação". E também a grande imprensa precisa ter mais compromisso com isso. Como uma "educadora"poderosa como a grande imprensa, contribui para a banalização da violência contra a mulher? Nos dias de hoje? é vergonhoso.

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  4. É isso! Importantíssimo comentário! Obrigada Leila, minha referência!

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