Coração em Tempestade

Quando o clima fica assim

A tempestade que tem dento de mim

Abre as compotas do céu e as lágrimas tal qual como gotas de chuva regam as emoções.

Uma enxurrada de lembranças das vinganças e andanças 

Desabam aqui e alagam as memórias em imagens ou miragem, não sei...

O coração é área de risco quando piso 

Tem lama, tem drama.

A procura de lugar seco e seguro

Sob marquise, me abrigo mas só vejo tempestade que não pede passagem e por aqui sigo em cautela na viagem.

Solitude é quem dá lugar e acalenta

Como a nuvem cinzenta que traz a garoa fina.

Aqui caem as lágrimas ora de tristeza ou de incertezas

Mas em emoção o coração em tempestade me estende a mão.

Saudade

Por vezes dói !

No fundo rasga, ora despedaça e arregaça

Ora integra, une e por vezes regenera.

Dualidade e contradição:

Quando nasce aperta.

Quando morre alivia o coração.

Me alegro quando a mato

Entristeço quando sei que pra sempre vai ficar 

Se vê em lágrimas e em sorrisos largos

Se lê em nossas palavras, difícil interpretar

O griso surge e já é passado o vigor

Ela está aqui, porque você não está

Se vem forte é rasto de afeto e amor

Ela vai, de repente ela vem, 

Minha mente dela é refém 

Quero acreditar: Logo vai passar !

Só meu país fala, mas o mundo todo sente

Para quem vai, para quem fica

A matéria e o toque ausentes

Não importa onde, quando eu digo a verdade

De longe, com dor mas com afeto 

Você foi, eu sinto Saudade!

Ela

 Ela é braba ela, ela é da quebrada, ela é favela

Tão bonita, tão singela, defensora, ativista quem é ela?

Conhece bem seus valores, corre e grita horrores

Sem saber o que temer, briga pra seu povo viver 

Ela tá na lida, tá na luta, ela fala e daqui a gente cala e escuta

Planeja, produz, executa, refaz, pesquisa e estuda

Do bar e da academia. Ela é a intelectualidade e a galhofaria.

Ela dança, Ela escreve. Ela fala, Ela bebe.

É ela que hoje eu imito, mas que um dia eu temi, resisti e não quis. É ela, tenho dito.

Escuridão

A escuridão me atrai. A noite ensina à mulher, à moça, a senhora e a menina. 

Mostra como tem que ser, para alguns muito o que temer

A outras é o tempo de correr, para nós, agora, será a hora do prazer 

As noites de outono motivam a nos acender mas teimam em pouco aquecer.

Mas surge você, que escuro igualmente me atrai

O corpo arde em chama, a escuridão chama pra cama.

O que acontece lá, a noite, mais ninguém vê

É só o meu corpo preto sobre o seu, atendendo nosso querer.

Afeto, Dengo, Quereres, Desejo,  Prazeres...

O enlevo em arder elimina a exaustão do nosso ser

O escuro reluz e reflete as curvas, a cor realça, e pele brilha, no ritmo do entrelace dos corpos

Me perco, me deleito na escuridão, sem medo, por horas em me satisfazer

Respiro, suspiro, perco o ar, agora, enfim, nessa noite, eu consigo respirar!